quinta-feira, 25 de abril de 2013

Christina Nunes - Proprietária do Dalí Cocina



Como começou?

A ideia de montar um negócio, na verdade, foi muito mais pelo fato de sabermos que no Nordeste, infelizmente, a questão salarial é muito baixa. Então termina que as vezes você se frustra porque está trabalhando muito e não tem o retorno desejado, nem o reconhecimento que você gostaria de ter. Como eu já tinha feito um curso na Suíça, e já tinha conhecimento em restaurante e hotelaria, eu tinha intenção de montar um negócio, desde quando cheguei da Suíça, em 2006. 
Por medo, e por falta de experiência prática, resolvi aguardar um pouco até 2009, que foi quando, de fato, abri o restaurante. Tem muita gente que fala, que quando se vai abrir um negocio você tem que pensar em algo que você precisa suprir, ou seja, o que está faltando no mercado. Porque se não, você acaba sendo a mesma coisa que os outros. E acaba acontecendo o que geralmente acontece, fecha. Como eu estou alí na Praça do Derby, poderia muito bem abrir um self-service, que é bem mais comum. E o meu pensamento foi “poxa, será que as pessoas dessa região não têm necessidade de ter um local com um atendimento diferenciado bom, preço acessível, sem aquele zum-zum-zum de self-service?”. E foi quando iniciei fazendo uma pesquisa de campo, contratei uma empresa de pesquisa, pra saber se naquela região o pessoal iria aceitar bem ou não o empreendimento. E fui pesquisar qual a vontade que o pessoal tinha quando ia em um restaurante, se era boa música, boa comida , bom serviço? E isso me ajudou muito a definir o que seria mais importante implementar. Depois qual é o meu público alvo? Quem eu quero atingir? Quando fui abrir meu restaurante, meu pai tinha tido uma péssima experiência como sócio em um empreendimento e ele perdeu tudo o que tinha. A primeira coisa que ele falou foi “não faça, você vai perder dinheiro. Aqui no Derby? O público consumir vinho? Não vai pegar, não vai pegar!” Eu insisti com ele: Vai funcionar, é realmente focar e colocar aquilo de qualidade que as pessoas que você quer atingir, priorizem. E foi o que aconteceu, graças a Deus estamos bem no mercado, o restaurante está muito bem conceituado. As redes sociais também ajudaram muito. Os próprios estudantes de gastronomia auxiliam sem saber, curtindo, compartilhando, e isso dá uma visualização muito boa.

Quais as dificuldades?

A falta de você ter uma marca forte é muito complicado. Ninguém sabe quem você é, ninguém sabe para que você surgiu. Você tem que se firmar e para se firmar no mercado é muito difícil, porque tem várias pessoas muito boas tanto quanto, ou melhor que você. Então você tem que descobrir qual o seu diferencial. Uma coisa que fiz e me ajudou muito foi fazer análise de swot, você pode fazer uma análise de swot, inclusive sua. Quais são meus pontos fortes? Quais são meus pontos fracos? Quais são as oportunidades e as ameaças que eu posso vir a ter? Eu fiz muito isso no restaurante para descobrir no que eu estava precisando melhorar e você ter humildade para aceitar as críticas. Uma dificuldade muito grande que eu tive foi a questão de quando alguém vem com crítica para você. Aquilo ali é como se fosse seu filho. Quando alguém vem criticar, você fica querendo matar aquela pessoa, mas ai passa, porque você é uma pessoa racional e aí você vai ver se realmente a crítica tem embasamento ou não, porque tem gente que critica por criticar, mas tem gente que critica porque tem razão. E aí você vai lá descobrir o que houve e tentar resolver e melhorar porque falha sempre acontece. 
O importante é descobrir que aquilo ali foi um fato pontual e resolver para que aquilo não mais ocorra. Muitas de minhas dificuldades foram minhas mesmo. O fato de você ser funcionária é diferente de você ser empresária. Para ser empresária é preciso ter um cronograma muito certinho, porque não tem chefe para mandar em você, não tem ninguém para dizer o que você tem que fazer. Isso para mim foi uma das principais dificuldades. Eu sempre tive o hábito de ter alguém dizendo o que eu precisava fazer. Então a partir do momento que você tem o seu tempo, você dedica o tempo que você quiser no seu negócio. Lógico que sabendo que quanto mais tempo você dedicar, melhor ele fica, cabe a você gerir a si mesmo. Isso foi uma dificuldade muito grande no começo da minha carreira em termos de empresária. E dificuldade no estabelecimento, acredito que seja descobrir o que está falho e tentar melhorar e a divulgação da marca, pois é muito difícil você implementar quando você vem do nada, diferente de uma franquia. Também a questão de descobrir que público eu estou querendo atingir, qual era a língua que eu deveria usar em ralação ao publico alvo, porque tem muito disso. A gente nunca deve se dar por satisfeito e buscar sempre melhorar.

Afinal, para você, qual a receita do sucesso?

Adaptação. Ter jogo de cintura para se adaptar. Agora mesmo, estamos fazendo chá da tarde, coisa que nunca pensei em fazer. Estou tentando agregar ao restaurante outros tipos de serviços. Temos delivery e muita gente não sabe. Terminamos focando o publico alvo e fomos vendo do que ele precisa e o que podemos fazer por ele. A receita do sucesso em primeiro lugar é amar o que se faz, ou você gosta ou não vai conseguir fazer sucesso nunca. Outra coisa é você tentar focar no cliente final, quem você atingir? E o sucesso vai vir. 

Restaurante Dalí Cocina - Rua Feliciano Gomes, 172 - Praça do Derby, Recife/PE
Fone: (081) 3231-4759 

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Jeff Collas – Chef e Proprietário do Bistrô Bonfim




Como começou?

Na realidade, estou ligado à gastronomia desde a minha juventude, pois minha tia era uma Chef famosa na sua região (Champanhe), e todas as minhas férias passei lá. Ela morava em um sítio, com bastante floresta e meu tio era caçador. 
Em sua casa sempre teve aqueles almoços, estilo “Festa de Babet”, foi onde comecei a especificar meu paladar. Com o passar do tempo, trabalhei em cozinha na Inglaterra e na Espanha. Voltei então para a França, e fiz faculdade em outro ramo, Administração de Empresa. 
Voltando ao Brasil, passei por várias regiões como São Paulo, Pantanal e permaneci por um bom tempo na região amazônica, e finalmente em Pernambuco. Aqui, em minha juventude, montei um albergue, que era frequentado por vários amigos. Comecei a organizar festas para os hóspedes, que geralmente, eram estrangeiros. Foi quando voltei a cozinhar. 
Depois de alguns anos, um amigo jornalista me incentivou a criar o projeto “França no Quintal”, em 1994. E essa brincadeira começou a dar certo, até que chegou uma hora em que tive que optar entre a gastronomia e o albergue. Foi quando fiz uma reforma na casa e virou o Maison do Bonfim, que hoje é o Bistrô Bonfim, que existe há 19 anos.

Quais as dificuldades?

No começo, como era uma linha francesa (hoje eu faço uma fusão com comidas típicas do nordeste, mais especificamente de Pernambuco), o grande problema era matéria-prima. Hoje em dia, melhorou muito a oferta, mas ainda existe uma oscilação muito grande dos produtos. Mas acho que em Pernambuco ainda existe uma carência em constância de qualidade e atendimento.

E afinal, para você qual a receita do sucesso?

Acho que a minha receita é dormir tarde e acordar cedo (risos). Porque tenho que estar à frente das panelas, e acordar cedo para escolher os melhores produtos e pensar no que vou fazer e criar na cozinha. Acho que a dedicação e o trabalho são fundamentais. Sobretudo, amar a gastronomia, principalmente quando no começo você tem que negar a família, os amigos, e as saídas. Ter uma dedicação quase que total, principalmente no início da carreira.

Maison do Bonfim -  R. do Bonfim, 115 - Olinda - PE
Fone: (81) 3429-1674

Biba Fernandes – Chef e Proprietário do Chiwake.



Como começou?

Na verdade eu não trabalhava com gastronomia, trabalhei durante 4 anos em uma Surf Shop e depois fui para o Rio de Janeiro. Fiquei lá durante 6 anos, cuidando da empresa, até que cansei de trabalhar em shopping. 

Ao vim visitar minha filha, que hoje tem 18 anos, em Recife, fui a Porto de Galinhas e aluguei um espaço, onde tinha a intenção de montar uma lanchonete de comida natural, que seria o Barato Natural. No meio desse caminho, mudei de ideia e abri um bar, que chamava Expresso Meia Noite. 
O bar funcionou durante 6 a 7 meses, e eu percebi que a proposta de vida que eu queria não era aquela, em que eu trocava o dia pela noite. Então foi quando eu conheci uma pessoa que trabalhava com sushi, um Sushiman, e resolvi vender tudo que eu tinha e ir pra São Paulo comprar os materiais pra abrir o Sushi, e esse outro rapaz fez a parte de sushi. A gente montou um restaurante Japonês chamado Expresso Sushi, e dai por diante começou gastronomia. 
No primeiro e segundo ano foi uma beleza! Percebi que era isso que eu queria para a minha vida, e comecei a investir em cursos. Contratei gente de fora para me ensinar e ensinar o sushiman. Em umas das reformas que eu fiz no Expresso Sushi, coincidentemente, o arquiteto era o mesmo da casa peruana que eu tenho hoje, era o dono do Wanchako (restaurante peruano em Maceió). Fui a maceió, conheci o restaurante, e me apaixonei! A partir daí, foi um trabalho de 4 anos para comprar essa consultoria. 
No início o restaurante era pra ser feito em Porto de Galinhas, mas o negócio começou a ficar muito grande e transferimos a ideia pra cá. Nessa consultoria, a consultora exigiu que o proprietário fosse um chef de cozinha, que foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida. Eu acho que pra você ser dono ou empreendedor, você tem que conhecer o que está fazendo. Então eu passei 8 meses em Maceió, onde comecei limpando cozinha e cortando cebola, até chegar no conhecimento geral que eu tenho hoje na cozinha peruana, e facilitou muito eu já ter tido o restaurante japonês. E o Chiwake começou assim, que é uma cozinha peruana com japonesa, uma cozinha Nekkei. 
Então como já trabalhava com cozinha japonesa, eu tive uma afinidade muito grande com a peruana. O que me instigou e me fez ter essa paixão absurda quando eu conheci a culinária peruana. Isso tudo facilitou muito, com a vontade que eu estava, era novo, tinha 29 anos. O restaurante existe há 6 anos, mas o projeto começou há 10 anos.

Quais as dificuldades?


A maior dificuldade no início foi a implantação do primeiro restaurante peruano em Pernambuco (que se mantém único até hoje). Houve uma resistência muito grande porque as pessoas não conheciam a cozinha peruana, e eu arrisquei tudo que eu tinha. E eu acho que o grande do sucesso do restaurante, foi que, mesmo nos momentos de dificuldades, eu não tirei a qualidade dos produtos. Eu sabia que o produto era bom, a comida era boa, o restaurante era lindo, não tinha porque dar errado. Era só questão de tempo. Eu persisti, persisti e hoje, graças a Deus, é um sucesso.


E afinal, para você qual a receita do sucesso?


A receita do sucesso é uma junção de várias coisas: a persistência, o trabalho, é você ter um produto bom e de qualidade. Acho que a junção de tudo isso trás o sucesso, e um pouquinho de sorte também, é claro.



Restaurante Chiwake - Rua da Hora, 820 - Espinheiro, Recife/PE

Fone: (81) 4141-5000 ou (81) 3221-1606
Site: http://www.chiwake.com.br/

Sobre o Blog

Olá, O Blog consiste em compartilhar experiências de empreendedores na área gastronômica, com depoimentos de empresários de sucesso para montar um empreendimento.
Como surgiu, as dificuldades encontradas e a receita do sucesso de cada um são as três únicas e diretas perguntas feitas ao entrevistado, dando total liberdade ao desenvolvimento da resposta. Buscando assim, um intercâmbio entre estudantes e empreendedores.

Como começou o Blog?

A ideia surgiu diante da necessidade de quatro estudantes de Gestão em Gastronomia da Faculdade Senac PE, em criar um plano de negócios, observando a dificuldade de dar início a um empreendimento seja ele qual for. 

Quais as dificuldades?

Conciliar a agenda entre a vida acadêmica e profissional com a agenda dos entrevistados.

Afinal, qual a receita do sucesso?

Esta é a pergunta chave do Blog, onde buscamos, diante da resposta dos entrevistados, desvendar este mistério. A receita do sucesso estamos descobrindo através dessas entrevistas onde mergulhamos um pouco no universo de pessoas que vivem da gastronomia.  Dependendo do segmento de atuação, a dedicação, entrega, muito trabalho e busca por produtos de qualidade são colocados como fundamentais para o sucesso do negócio, mas o que podemos dizer ainda como estudantes e aprendizes é que tem sido uma experiência muito positiva pois estamos tendo acesso a muitos chefs, estabelecimentos, e, de certa forma, conhecendo um pouco da estória de cada um.