Como começou?
A ideia de montar um negócio, na
verdade, foi muito mais pelo fato de sabermos que no Nordeste, infelizmente, a
questão salarial é muito baixa. Então termina que as vezes você se
frustra porque está trabalhando muito e não tem o retorno desejado, nem o
reconhecimento que você gostaria de ter. Como eu já tinha feito um curso na
Suíça, e já tinha conhecimento em restaurante e hotelaria, eu tinha intenção de
montar um negócio, desde quando cheguei da Suíça, em 2006.
Por medo, e por falta
de experiência prática, resolvi aguardar um pouco até 2009, que foi quando, de
fato, abri o restaurante. Tem muita gente que fala, que quando se vai abrir um
negocio você tem que pensar em algo que você precisa suprir, ou seja, o que
está faltando no mercado. Porque se não, você acaba sendo a mesma coisa que os
outros. E acaba acontecendo o que geralmente acontece, fecha. Como eu estou alí
na Praça do Derby, poderia muito bem abrir um self-service, que é bem mais
comum. E o meu pensamento foi “poxa, será que as pessoas dessa região não têm
necessidade de ter um local com um atendimento diferenciado bom, preço
acessível, sem aquele zum-zum-zum de self-service?”. E foi quando iniciei fazendo
uma pesquisa de campo, contratei uma empresa de pesquisa, pra saber se naquela
região o pessoal iria aceitar bem ou não o empreendimento. E fui pesquisar qual
a vontade que o pessoal tinha quando ia em um restaurante, se era boa música,
boa comida , bom serviço? E isso me ajudou muito a
definir o que seria mais importante implementar. Depois qual é o meu público
alvo? Quem eu quero atingir? Quando fui abrir meu restaurante, meu pai tinha
tido uma péssima experiência como sócio em um empreendimento e ele perdeu tudo
o que tinha. A primeira coisa que ele falou foi “não faça, você vai perder
dinheiro. Aqui no Derby? O público consumir vinho? Não vai pegar, não vai
pegar!” Eu insisti com ele: Vai funcionar, é realmente focar e colocar
aquilo de qualidade que as pessoas que você quer atingir, priorizem. E foi o que aconteceu, graças a Deus estamos
bem no mercado, o restaurante está muito bem conceituado. As redes sociais
também ajudaram muito. Os próprios estudantes de gastronomia auxiliam sem saber,
curtindo, compartilhando, e isso dá uma visualização muito boa.
Quais as dificuldades?
A falta de você ter uma marca
forte é muito complicado. Ninguém sabe quem você é, ninguém sabe para que você
surgiu. Você tem que se firmar e para se firmar no mercado é muito difícil,
porque tem várias pessoas muito boas tanto quanto, ou melhor que você. Então você tem que descobrir qual o seu diferencial. Uma coisa que fiz
e me ajudou muito foi fazer análise de swot, você pode fazer uma análise de
swot, inclusive sua. Quais são meus pontos fortes? Quais são meus pontos
fracos? Quais são as oportunidades e as ameaças que eu posso vir a ter? Eu fiz
muito isso no restaurante para descobrir no que eu estava precisando melhorar e
você ter humildade para aceitar as críticas. Uma dificuldade muito grande que
eu tive foi a questão de quando alguém vem com crítica para você. Aquilo ali é
como se fosse seu filho. Quando alguém vem criticar, você fica querendo matar
aquela pessoa, mas ai passa, porque você é uma pessoa racional e aí você vai
ver se realmente a crítica tem embasamento ou não, porque tem gente que critica
por criticar, mas tem gente que critica porque tem razão. E aí você vai lá
descobrir o que houve e tentar resolver e melhorar porque falha sempre acontece.
O importante é descobrir que aquilo ali foi um fato pontual e resolver para que
aquilo não mais ocorra. Muitas de minhas dificuldades foram minhas mesmo. O
fato de você ser funcionária é diferente de você ser empresária. Para ser
empresária é preciso ter um cronograma muito certinho, porque não tem chefe
para mandar em você, não tem ninguém para dizer o que você tem que fazer. Isso
para mim foi uma das principais dificuldades. Eu sempre tive o hábito de ter
alguém dizendo o que eu precisava fazer. Então a partir do momento que você tem
o seu tempo, você dedica o tempo que você quiser no seu negócio. Lógico que
sabendo que quanto mais tempo você dedicar, melhor ele fica, cabe a você gerir
a si mesmo. Isso foi uma dificuldade muito grande no começo da minha carreira
em termos de empresária. E dificuldade no estabelecimento, acredito que seja
descobrir o que está falho e tentar melhorar e a divulgação da marca, pois é
muito difícil você implementar quando você vem do nada, diferente de uma
franquia. Também a questão de descobrir que público eu estou querendo atingir,
qual era a língua que eu deveria usar em ralação ao publico alvo, porque tem
muito disso. A gente nunca deve se dar por satisfeito e buscar sempre melhorar.
Afinal, para você, qual a receita do sucesso?
Adaptação. Ter jogo de cintura
para se adaptar. Agora mesmo, estamos fazendo chá da tarde, coisa que nunca
pensei em fazer. Estou tentando agregar ao restaurante outros tipos de
serviços. Temos delivery e muita gente não sabe. Terminamos focando o publico
alvo e fomos vendo do que ele precisa e o que podemos fazer por ele. A receita
do sucesso em primeiro lugar é amar o que se faz, ou você gosta ou não vai
conseguir fazer sucesso nunca. Outra coisa é você tentar focar no cliente
final, quem você atingir? E o sucesso vai vir.
Restaurante Dalí Cocina - Rua Feliciano Gomes, 172 - Praça do Derby, Recife/PE
Fone: (081) 3231-4759